domingo, 16 de maio de 2010

O Fotógrafo e o Historiador (Carlos Alberto de Pinho Junior)

Assim como um fotógrafo que , por meio da reprodução do espaço fotografado , congela uma paisagem e as pessoas que nela vivem , a fim de relembrar , por intermédio da imagem reproduzida na fotografia , as memórias ligadas ao objeto representado , o historiador busca a produção de uma visão sobre um determinado processo na história que seja a mais plausível . Não com a pretensão de que seja absolutamente fidedigna ao que acontecera , já que o passado é “irreconstituível”, por mais que existam as fontes primárias para a sua recorrência e auxílio .

Os documentos úteis à tarefa do historiador de compreender o processo são vestígios do passado . Eles também não são plenamente verossímeis com o ocorrido . Nem o relato de quem esteve lá . As tensões são inúmeras – condicionadas a vários aspectos - , e “verdade” é uma palavra a ser proferida com muito cuidado .

Os relatos , os documentos , enfim , estes vestígios de passado não são fotografias a mostrar as imagens tais quais estavam lá , num presente que tão logo virou passado , como cada sílaba que ponho neste texto . E sim são instrumentos necessários à compreensão de um determinado período , evento ou processo , como queira , por parte do historiador .

Tal qual o fotógrafo que não consegue alcançar as paisagens além das dimensões da fotografia , o historiador também não consegue reunir todos os elementos documentais , todos os vestígios , tampouco os acontecimentos não registrados . E assim , como numa escolha das melhores fotos na sala de revelação , o historiador seleciona os objetos de sua pesquisa e convive verificando , nas abordagens sobre uma determinada época , o mesmo ponto sob diferentes perspectivas .

Muito Obrigado , Professor Manoel Salgado !

Nenhum comentário:

Postar um comentário